segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Apontamento

A minha alma partiu-se como um vaso vazio.
Caiu pela escada excessivamente abaixo.
Caiu das mãos da criada descuidada.
Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso.

Asneira? Impossível? Sei lá!
Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu.
Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.

Fiz barulho na queda como um vaso que se partia.
Os deuses que há debruçam-se do parapeito da escada.
E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.

Não se zanguem com ela.
São tolerantes com ela.
O que era eu um vaso vazio?

Olham os cacos absurdamente conscientes,
Mas conscientes de si mesmos, não conscientes deles.

Olham e sorriem.
Sorriem tolerantes à criada involuntária.

Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.
Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.
A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?
Um caco.
E os deuses olham-o especialmente, pois não sabem por que ficou ali.


Poema de Fernando Pessoa (Álvaro de Campos),
cantado por Margarida Pinto.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Ano Novo!

O ano novo é uma possibilidade para um começo
mesmo quando não houve um fim.
As rodas giram em uma curvatura interminável,
contudo, marcada em um ponto,
parecem balançar girando.
Cada ano que passa nós esperamos fazer mais,
melhor um pouco embora nós saibamos
que realmente nada mudou.
A razão pensa de que tudo arranjou,
assim que nós devemos sonhar e ter esperança.

Autor: Desconhecido

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Nenhuma palavra...

Nenhuma palavra
alcança o mundo,
eu sei.
Ainda assim,
escrevo.

Autora: Mia Couto

quarta-feira, 10 de março de 2010

Quarto Aniversário

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domingo, 28 de junho de 2009

Ser-se Mar

Dá-me, oh mar
Essa harmonia
Ser diferente em cada dia
Ser abismo
Ser profundo
Ter a cisma de ser mundo
E ser só onda afinal

Oh mar
O quanto eu daria
Para beijar por um dia
Espraiar-me no areal
Feito de conchas e lemes
De sonhos e caravelas
Das praias de Portugal

Sei-te, oh mar
Verde profundo
Espuma em fúria das ondas
Que talha doce perfume
Nas falésias
Nas arribas
Tal um perfume de frésias
Ou grito de marés vivas
Nesta praia ocidental

Quero, oh mar
Que me dês vida
Que me dês doce guarida
Nesse mel sabendo a sal

Vem, oh mar
Cobre-me de água
Lava de mim esta mágoa
Que já me tolhe os sentidos

Vem, oh mar
Faz de mim mar
Dá-me um outro navegar
Nestes caminhos perdidos

Vem, oh mar
Porque a ti venho
Neste empenho de cumprir
Destinos de Portugal

Vem, oh mar
Traz-me as areias
As quimeras e as sereias
Desta praia acidental.

Autor: Jorge Castro
04 de Abril de 2004

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Azul

E o azul era tanto que se via
em horizontes que nem tão azuis havia
breves ondas
azuis vagas
cuidadosas
a beijarem desse azul a praia fria
e só por ti azul se faz a brisa breve
que ao de leve tua face acaricia
e te afaga tão azul
íntima
entregue
os cabelos nesse azul que entardecia.

Autor: Jorge Castro - 30 de Junho de 2003

terça-feira, 10 de março de 2009

Terceiro Aniversário

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quarta-feira, 30 de abril de 2008

Tu que te esqueceste de ti?

Adormece o teu corpo com a música da vida.
Encanta-te.
Esquece-te.
Tem por volúpia a dispersão.
Não queiras ser tu.
Quer ser a alma infinita de tudo.
Troca o teu curto sonho humano
Pelo sonho imortal.
O único.
Vence a miséria de ter medo.
Troca te pelo Desconhecido.
Não vês, então, que ele é maior?
Não vês que ele não tem fim?
Não vês que ele és tu mesmo?
Tu que andas esquecido de ti?

Autora: Cecília Meireles in "Cânticos IV"

terça-feira, 15 de abril de 2008

O Verbo no infinito

Ser criado, gerar-se, tranformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se; e depertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...

Autor: Vinicius de Moraes

domingo, 13 de abril de 2008

As palavras

São como um cristal, as palavras.
Algumas, um punhal, um incêndio.
Outras, orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,leves.
Tecidas são de luzes, são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta?
Quem as recolhe,
assim,
cruéis,
desfeitas,
nas suas conchas puras?

Autor: Eugénio de Andrade

segunda-feira, 10 de março de 2008

Segundo Aniversário

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terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Natal Iluminado

Ilumine o Natal com esperança de amor, esperança de dias melhores.
Ilumine um olhar, com cumprimentos de felicidades e paz.
Ilumine seus dias, para que deles sejam lembrados, os melhores momentos de alegria.
Ilumine sua família, para que não esqueçam que a base de tudo é amor e compreensão.
Ilumine seu natal, para que não seja mais uma festa,
e sim uma lembrança de uma época inesquecível e abençoada.
Feliz Natal!!!
Autora: Fabiana Thais Oliveira

domingo, 4 de novembro de 2007

Nova luz

Nova luz, que me rasga dentro d'alma,
Dum desejo melhor me veste a vida...
Outra fada celeste agora leva
Minha débil ventura adormecida.

Não sei que novos horizontes vejo...
Que pura e grande luz inunda a esfera...
Quem, nuvens deste inverno, nesse espaço,
Em flores vos mudou de primavera?!

Se as noites nos enviam mais segredos,
Ao sacudir seus vaporosos mantos,
Se desprendem do seio mais suspiros...
É que dizem teu nome nos seus cantos.

Nem eu sei se houve amor até este dia...
Nem eu sei se dormi até esta hora...
Mas, quando me roçou o teu vestido,
Abri o meu olhar - acordo agora!

Autor: Antero de Quental

domingo, 30 de setembro de 2007

Mar de Setembro

Tudo era claro:
céu, lábios, areias.
O mar estava perto,
fremente de espumas.
Corpos ou ondas:
iam, vinham, iam,
dóceis, leves - só
alma e brancura.
Felizes, cantam;
serenos, dormem;
despertos, amam,
exaltam o silêncio.
Tudo era claro,
jovem, alado.
O mar estava perto
puríssimo, doirado.

Autor: Eugénio de Andrade, Mar de Setembro

sábado, 7 de julho de 2007

Cagarros...


Quis Deus que ao sol nascente te voltasses
E do cimo dos cumes tão altivos
Do mar, em forte abraço, ali tombasses
Preso de meigos beijos e cativos;

E que de verde parra te adornasses
E fossem tantos mais os teus motivos,
Que gigantesco teatro aparentasses
Quer a estranhos, quer a teus nativos.

S. Lourenço - ó minha linda baía -
Nas luarentas noites de estio,
Tudo e todos envolves em magia.

Sobem no ar cantigas de alegria;
Cantam cagarros em estranho cio
Mas tudo tem um quê de nostalgia !

Poema do Dr. Bruno Ferreira - Um Mariense, residente da ilha Terceira - Açores

Do Livro de ADRIANO FERREIRA " As Musas da Minha Terra "

sábado, 2 de junho de 2007

Maria

Tenho cantado esperanças...
Tenho falado d' amores...
Das saudades e dos sonhos
Com que embalo as minhas dores...

E eu cuidei que era poesia
Todo esse louco sonhar...
Cuidei saber o que é vida
Só porque sei delirar...

Eram fantasmas que a noite
Trouxe, e o dia levou...
À luz da estranha alvorada
Hoje minha alma acordou!

Esquece aqueles cantos...
Só agora sei falar!
Perdoa-me esses delírios...
Só agora soube amar

Autor: Antero de Quental

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Depois da chuva

Abre a janela, e olha!
Tudo o que vires é teu.
A seiva que lutou em cada folha,
E a fé que teve medo e se perdeu.
Abre a janela, e colhe!
É o que quiser a tua mão atenta:
Água barrenta,
Água que molhe,
Água que mate a sede...
Abre a janela, quanto mais não seja
Para que haja um sorriso na parede!

Autor: Miguel Torga

quinta-feira, 22 de março de 2007

Primavera


É Primavera agora, meu amor!
O campo despe e veste de estamenha;
Não há árvore nenhuma que não tenha
O coração aberto, todo em flor!

Ah! Deixa-te vogar. Calmo, ao sabor
Da vida… não há bem que nos não venha
Dum mal que o nosso orgulho em vão desdenha!
Não há bem que não possa ser melhor!

Também despi meu triste burel pardo,
E agora cheiro a rosmaninho e a nardo
E ando agora tonta à tua espera…

Pus rosas cor-de-rosa em meus cabelos…
Parecem um rosal! Vem desprendê-los!
Meu Amor, meu Amor, é Primavera!..

Autora: Florbela Espanca - "Primavera"

terça-feira, 20 de março de 2007

Ela não passa ...


Num dia de inverno,
um raio de sol transita tenuemente
através dos cortinados da janela.
Lá fora, cantam passarinhos...
Como que a saudarem a vinda da Primavera.
Buscam lugar para construir seus ninhos.
Como são alegres os seus chilreios.
Corro os cortinados da janela,
como se fosse o manto da tristeza
que cobre a minha alma.
E eu, pesaroso, olho a vidraça...
Por que passam os pássaros
e ela não passa?

Autor: José Manuel V. J. Raposo
in: DESPI A ALMA NO CAIS DA SOLIDÃO

sábado, 10 de março de 2007

Primeiro Aniversário

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primeiro aniversário.

quinta-feira, 8 de março de 2007

MULHER

És uma rosa, amorosa, meiga e carinhosa, tão jeitosa!
És como um cristal, chega a ser preciosa, além de ser graciosa.
Mulher tem fé, sempre de pé, ajoelhada ou a caminhar,
Rogando sempre a Deus para a coisa melhorar.
Mulher, primeira, única, companheira,
Às vezes se sente derrotada, porém, ao entardecer, sente-se amada,
Linda, cheirosa e muito vaidosa.
Mulher, tem um dom divino: O de gerar vidas. - Deus te escolheu.
Sempre forte, no entanto, frágil como uma cara porcelana.
Mas tem que lutar, brilhar, sorrir, sofrer, chorar e o sustento, precisa ganhar.
- És mãe, flor, estrela, uma companheira...
- És amante e dona-de-casa, sempre guerreira.
- És contraste, raio de sol, brisa suave, entardecer, amanhecer.
- És sonho, paixão, cúmplice, admiração, ternura.
- És criança, juventude eterna escondendo-se da velhice.
- És realidade, pois tens várias capacidades: ama e despreza com a mesma intensidade.
- És ontem, hoje e amanhã e serás sempre mulher!

Autora: Francisca Leal

domingo, 4 de março de 2007

Os Moinhos

Foto tirada ao moinho existente na Fajã de Cima - Ponta Delgada - Ilha
de São Miguel - Açores. O da frente é um "Catavento" feito pelo meu pai
e o de trás é um moinho verdadeiro que ainda funciona.
...
O Moinho
..
A mó da morte mói o milho teu dourado
e deixa no farelo
um ai deteriorado.
Mói a mó, mói a morte
em seu moer parado
o que era trigo eterno
e nem sequer semeado.
Da morte a mó que mói
não mói todo o legado.
Fica, moendo a mó,
o vento do passado.

Autor: Carlos Drummond de Andrade


domingo, 25 de fevereiro de 2007

Como eu não possuo

Olho em volta de mim. Todos possuem ---
Um afecto, um sorriso ou um abraço.
Só para mim as ânsias se diluem
E não possuo mesmo quando enlaço.
Roça por mim, em longe, a teoria
Dos espasmos golfados ruivamente;
São êxtases da cor que eu fremiria,
Mas a minhalma pára e não os sente!
Quero sentir. Não sei... perco-me todo...
Não posso afeiçoar-me nem ser eu:
Falta-me egoísmo para ascender ao céu,
Falta-me unção pra me afundar no lodo.
Não sou amigo de ninguém. Pra o ser
Forçoso me era antes possuir
Quem eu estimasse --- ou homem ou mulher,
E eu não logro nunca possuir!...
Castrado de alma e sem saber fixar-me,
Tarde a tarde na minha dor me afundo...
Serei um emigrado doutro mundo
Que nem na minha dor posso encontrar-me?...
Como eu desejo a que ali vai na rua,
Tão ágil, tão agreste, tão de amor...
Como eu quisera emaranhá-la nua,
Bebê-la em espasmos de harmonia e cor!...
Desejo errado... Se a tivera um dia,
Toda sem véus, a carne estilizada
Sob o meu corpo arfando transbordada,
Nem mesmo assim --- ó ânsia! ---
eu a teria...Eu vibraria só agonizante
Sobre o seu corpo de êxtases doirados,
Se fosse aqueles seios transtornados,
Se fosse aquele sexo aglutinante...
De embate ao meu amor todo me ruo,
E vejo-me em destroço até vencendo:
É que eu teria só, sentindo e sendo
Aquilo que estrebucho e não possuo.

Autor: Mário de Sá Carneiro

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Que segredo...

Que segredos guarda a sombra
Que esconde seu rosto de mim
Num jogo de cena e teatro
Sem o pano se abrir enfim
Tu não te mostras
Porque veio?
Se é tua sina iludir
Se sofreu, nada fala
Se amou, guardou para si
Mas encanta esse mistério
Que entre cortinas mantém
Atrai os sonhadores
Vira musa, prosa e verso
E ao cair da madrugada
Mostra a sombra ao reverso
Se apaga sem um gemido
Pois de dor não tem sofrido
Deixa apenas um encanto
Uma cor que sobressai
Na madrugada vazia
Fica a saudade
Você vai

Autor desconhecido

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Teu aniversário...

Hoje é o teu aniversário!
Eu estou de parabéns,
por te conhecer,
por alguém como tu fazer parte da minha vida,
por poder compartilhar,
alegrias e tristezas
Hoje é dia de festa para mim!
É o teu aniversário e...
eu quero dedicar-te todo o amor do mundo,
neste dia especial,
que foi o dia do teu nascimento.
Em relação a mim nasceste alguns anos mais cedo,
E só te conheci alguns anos mais tarde,
mas ainda assim:
A tempo suficiente...
para saber que a minha vida não era a mesma sem ti!
Feliz aniversário!!!!!
Que tudo o que desejas se realize hoje e sempre!
Que a paz e o amor sejam uma constante na tua vida.
E que o teu sorriso continue a transmitir serenidade e amor.
Adoro-te, mas isso tu já o sabes.
Deus colocou-te na minha vida,
e eu lho agradeço diariamente.
Tu vieste enriquecer o meu ser!
Sim...Graças a ti eu sou um ser mais rico!!!
Contigo aprendi a amar e valorizar,
até...as coisas às quais não damos valor,
aprendi o valor de um simples sorriso!!
Obrigado por me existires...
Obrigado por seres quem és!!!
Parabéns Amor...

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Parabéns...


Parabéns para mim porque hoje é o meu
ANIVERSÁRIO!!!

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Não passou

Passou?
Minúsculas eternidades
deglutidas por mínimos relógios
ressoam na mente cavernosa.
Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.
A mão –
a tua mão, nossas mãos
–rugosas, têm o antigo calor
de quando éramos vivos. Éramos?
Hoje somos mais vivos do que nunca.
Mentira, estarmos sós.
Nada, que eu sinta, passa realmente.
É tudo ilusão de ter passado.

Autor: Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Há palavras

Há palavras que nos beijam
como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança.
De imenso amor, de esperança louca!
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor
Esperadas, inesperadas
como a poesia ou o amor!

Autor: Alexandre O'Neill

sábado, 13 de janeiro de 2007

A Vida...


A vida é como jogar uma bola na parede:

Se for jogada uma bola azul,
ela voltará azul;

Se for jogada uma bola verde,
ela voltará verde;

Se a bola for jogada fraca,
ela voltará fraca;

Se a bola for jogada com força,
ela voltará com força.

Por isso, nunca "jogue uma bola na vida"
de forma que você não esteja pronto a recebê-la.
A vida não dá nem empresta;
não se comove nem se apieda.
Tudo quanto ela faz é retribuir e transferir
aquilo que nós lhe oferecemos.

Autor: Albert Einstein

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Creio nos anjos que andam pelo mundo...

Creio nos anjos que andam pelo mundo,
creio na deusa com olhos de diamantes,
creio em amores lunares com piano ao fundo,
creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes;

Creio num engenho que falta mais fecundo
de harmonizar as partes dissonantes,
creio que tudo é eterno num segundo,
creio num céu futuro que houve dantes,

Creio nos deuses de um astral mais puro,
na flor humilde que se encosta ao muro,
creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
na ocupação do mundo pelas rosas,
creio que o amor tem asas de ouro. amém.

Autora: Natália Correia

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Feliz Ano Novo

Quando seus olhos pousarem em mim,
Sentirei meu coração bater aflito.
Serão pancadas doces demais,
Para um menino quase perdido.
Ficarei besta que nem um cutelo
Fazendo piruetas desconexas.
Direi palavras complexas,
Falarei sobre sexo e plexo.
Haveremos de voar bem alto,
Haveremos de batermos com a cabeça na lua
E de lá, gritaremos juntos:
- Somos dois em um.
E que todos nos ouçam.
Festejaremos em uma só voz,
Como se fôssemos vaga-lumes cantores
A tripudiar o ódio e a preguiça.
Nessa noite, de raios refletidos,
Brilharemos eternamente.
Haveremos de nos dividirmos
Em dois,
Em mil,
Em mil vezes mil...
Dois mil.

FELIZ ANO NOVO !!!

Autor: Pedro Cardoso Machado

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Feliz Ano Novo!!!

Que este dia do novo ano que hoje começa seja
.
o primeiro de 365 dias repletos de momentos felizes
.
que saibam aproveitar e viver intensamente
.
junto daqueles que mais gostam.
.
Que o novo ano nos traga, a nós e ao mundo,
.
muita paz e que conceitos como a solidariedade
.
e a partilha comecem a fazer parte
.
do vocabolário diário de cada um de nós...
.
Um próspero 2007 e não se esqueçam de lutar pela vossa felicidade
.
e pela felicidade dos outros, todos os dias, todas as horas,
.
todos os minutos e todos os segundos sem nunca desistir...
.
.
.
S E J A M . . . F E L I Z E S ! ! !

domingo, 31 de dezembro de 2006

FELIZ E PRÓSPERO ANO NOVO

Agora que o ano se vai...
Damos adeus...e acabou;
Esperamos agora o novo.
Usar o que Jesus ensinou;
Sabedoria de Deus Pai.

Ano após ano buscamos
Na vida o que é melhor;
O que tanto procuramos...

Vivemos na Santa Paz
Enquanto outros na guerra
Lamentam seus mortos
Hoje, o viver sagaz
Obscuro cais dos portos.

Façamos então um começo
Entre o passado e o futuro
Levantemos a espada sagrada
Incluindo o amor perduro
Zingrado de alma lavada.

Agora, que todos os povos se unam
Numa só corrente de prosperidade
Onicentes, para que além não sucumbam

Norteiem e distribuam a verdade
Ouvindo sempre o vosso coração
Vasculhem as gavetas da alma
Ostentem a razão e a emoção.

FELIZ E PRÓSPERO ANO NOVO !!!

Autora: Anna Müller

sábado, 30 de dezembro de 2006

Natal...

Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.

Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
'Stou só e sonho saudade.

E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!

Autor: Fernando Pessoa

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Poema de Natal

Percorro o dia, que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na minha pressa e pouco amor.
Hoje é Natal. Comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal.
Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado...
Só esse pobre me pareceu Cristo.

Autor: Vitorino Nemésio

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Mas não nos detenhamos. Nunca!

Não podemos esquecer que a pele se enruga,
o cabelo embranquece,
os dias se convertem em anos...
mas o que é importantenão muda.
A nossa convicção e força interior
não têm idade.
Atrás de cada linha de chegada,
há uma de partida.
Atrás de cada conquista,
há um novo desafio.
Enquanto estivermos vivos,
façamos por estar vivos.
Se sentimos saudades do que faziamos,
porque não voltar a fazer?
Não se deve viver de fotografias amareladas.
Quando todos esperam pela nossa desistência,
continuamos.
Não vamos deixar que enferruje
o ferro que existe em nós.
Quando não conseguirmos correr atrás dos anos,
marchamos.
Quando não conseguirmos marchar,
caminhamos.
Quando não conseguirmos caminhar,
usamos uma bengala.
Mas não nos detenhamos.
Nunca!

Madre Teresa de Calcutá

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Natal à beira rio

É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?

Autor: David Mourão-Ferreira

domingo, 24 de dezembro de 2006

Bom Natal

Para todos os companheiros e companheiros da Blogosfera,
para os leitores habituais,
para os visitantes de outros continentes enfim,
para todos os visitantes do "Rocha de Relva",
os meus votos de Bom Natal,
com muita paz, amor, esperança e alegria.
Quanto ao Novo Ano, ficam os votos para mais tarde,
para depois dos sonhos, das prendas,
do bolo-rei e das rabanadas.
Para todos um Natal de acordo com a mensagem do Presépio.

sábado, 23 de dezembro de 2006

História Antiga

Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas,
por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.

Autor: Miguel Torga

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Fala-me de amor

Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.
Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.

Autora: Natália Correia

domingo, 3 de dezembro de 2006

Urgentemente...

É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.

Autor: Eugénio de Andrade
Foto cedida por: J.P.Medeiros

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Se tu viesses


Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Autora: Florbela Espanca

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Outono


Há no firmamento
Um frio lunar.
Um vento nevoento
Vem de ver o mar.
Quase maresia
A hora interroga,
E uma angústia fria
Indistinta voga.
Não sei o que faça,
Não sei o que penso,
O frio não passa
E o tédio é imenso

Autor: Fernando Pessoa

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Um novo começo


Um novo começo
O dia enlaça um novo começo,
Uma nova caminhada
Alegre e desalinhada,
Contínua e preparada.
Pausa para meditar
Chegar mais ao fundo das coisas
Penetrar na essência do todo
E encontrar a imensidão do nada
Sonho não para divagar
Sonho para reflectir em voz alta
Despertar sem acordar
Dar asas sem chegar a voar
Hoje a minha alma sorri.
Sorri porque caminha
Caminha porque sonha
Sonha porque sorri.

Autor desconhecido

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Mais uma vez ... Outubro


De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.

E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.

Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.

Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.

Autor: Natália Correia

sábado, 23 de setembro de 2006

As ilhas afortunadas
















Que voz vem no som das ondas
Que não é a voz do mar?
É a voz de alguém que nos fala,
Mas que, se escutamos, cala,
Por ter havido escutar.
E só se, meio dormindo,
Sem saber de ouvir ouvimos,
Que ela nos diz a esperança
A que, como uma criança
Dormente, a dormir sorrimos.
São ilhas afortunadas,
São terras sem ter lugar,
Onde o Rei mora esperando.
Mas, se vamos despertando,
Cala a voz, e há só o mar.

Autor: Fernando Pessoa
In "A MENSAGEM"

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Confiança...


O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova...

Autor: Miguel Torga

terça-feira, 29 de agosto de 2006

Ouço ...


Ouço bater- é ela certamente
Que se arrepende e volta numa prece!
Ouço bater. Nao abro, não merece...
Pois que fique a bater eternamente!

A chuva cai frenética, docemente
O vento chora e, em gritos enraivece,
Tudo cá dentro escuta e estremece
Não abro não. Mentiu e ainda mente.

Não devo abrir!...Bem sei que não devia...
Mas a noite, meu Deus, está tão fria!
E se ela morre, ao abandono, assim?!

Vou abrir. Vou terminar meu tormento,
Ninguém, meu Deus, ninguém! Foi o vento,
Tragicamente a escarnecer de mim!...

Poesias de OLAVO BILAC

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Despedida


















Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranquilo:
quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)

Autora: Cecília Meireles

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Releio


Releio os versos que escrevi,
mudo os poemas de lugar,
folheio livros que já li
e sei que ainda há muito para escrever.
Tomo o gosto ao som das palavras,
tacteio a textura das cores
e viro-me para o papel sem sinais
onde quero escrever AMOR
com outras cores e sons.
A espera recomeça
e chega-me o eco das palavras
que todos já escreveram.
Afinal só falta escrever nada
ou tudo outra vez
com a voz a tremer
porque o poema é o pulsar da alma.

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
A minha face?

Autora: Cecília Meireles

sexta-feira, 4 de agosto de 2006

O Farol

Brilham as pétalas de seda silenciosa das rosas quando
no leito da noite escura
sobre elas se passeiam os raios circulares do farol
O farol que acena às traineiras distantes
aos beijos ululantes das ondas invernosas
às estrelas além das nuvens fuzilantes na tempestade
Apaga-se de manhã a luz intermitente do farol do cabo
E as pétalas silenciosas de seda penitente
ficam pacientes à espera
que a noite lhes realce uma vez mais a majestade
E venham famintos os duendes
convidá-las para a última dança no adro.

Foto tirada na Maia - Santa Maria - 16/07/2006

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

É tempo ...


É tempo de estar e ser
docemente,
saber que tudo tem cor.
É tempo de querer
de receber e de dar.
É tempo de Amor!
É tempo de falar
e dizer o sentido da vida.
É tempo de um momento contido
derramado no teu olhar.
É tempo sem tempo de te amar.


Foto tirada a uma pintura num prato, oferecido
pela minha amiga pintora "Cacilda"

domingo, 30 de julho de 2006

Quando ...


Quando as palavras secam na garganta,
no momento exacto de as dizer
parecem rochas encrustadas na terra
impossíveis de as moldar.
Fico na impotente ansiedade
como náufrago, sem gritar.
Sei como são cruéis
e tiranas as palavras
que se recusam a pronunciar-se
naquele exacto momento
em que mais são precisas.
Quando me acontece contigo
substituo-as pelo olhar
e as mãos dizem o resto.

quarta-feira, 5 de julho de 2006

Escaladas


Há montanha
Que não desejo escalar
Apenas observar
Me apropriar
de sua beleza e imponência
Há rochedos
Que quero transpor
Encontrar o lado de lá
Conhecer e escolher
Meu contínuo devir de ser

Autora: Maria Angélica (4/04/2006)

quinta-feira, 29 de junho de 2006

As rosas...

Num instante
Desfolharam-se as rosas
Caíram as pétalas
Porque eu não podia esquecer as rosas
Procurámo-las juntos
Encontrámos rosas
Eram as suas rosas eram as minhas rosas
A essa viagem chamávamos amor
Com o nosso sangue e as nossas lágrimas fazíamos rosas
Que brilhavam um instante ao sol da manhã
Desfolhámo-las debaixo de sol entre silvas
As rosas que não eram as nossas rosas
As minhas rosas as suas rosas

P.S. E assim esquecemos as rosas.

Autora: nnannarella

sexta-feira, 23 de junho de 2006

As palavras que nunca te direi...


Procurei por sites e sites palavras para te dizer.
Encontrei mensagens lindas que tocam o coração,
encontrei músicas que dizem tudo,
mas não encontrei o que quero-te dizer...
São palavras que poucas pessoas podem compreender.
Algo que rime com coração ou solidão... não sei...
Procurei mas não encontrei a palavra certa para te dizer.
Não quero dizer-te o que toda a gente diz...
pois és demasiado especial para mim...
Não encontrei palavras que soem como uma canção,
que toquem o teu coração e que saibas compreender-me...
Então resolvi escrever esta mensagem para ti...
Por mais que tente dizer,versos e mais versos...
ou mensagens sem fim...
nunca serão o que quero-te dizer...
pois há palavras que nunca te direi...


Autor: Justine